segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Okinawa-shi 2012

Leia abaixo o depoimento do ex-bolsista de 2012 de Okinawa-shi, Marcel Moriyuki Shiroma:


Da esquerda para direita: Viceprefeito de Okinawa-shi Shimabukuro, argentina Cynthia Uchima, o brasileiro Moriyuki Shiroma, a peruana Saori Takaesu e a tantousha Chiemi

Olá a todos!
O meu nome é Marcel Moriyuki Shiroma, 22 anos e estou no 4º ano de engenharia civil na Unicamp. Sou irmão do Felipe Shiroma, que alguns devem conhecer. Neste ano de 2012, tive a honra de ser escolhido e poder conhecer grande parte da cultura de Okinawa. Fui bolsista de Okinawa-shi, juntamente com a peruana, Saori Takaesu e a Argentina, Cynthia Uchima. Neste período de 3 meses fiz diversas atividades e aprendi muito, por isso gostaria de compartilhar um pouco de minha experiência. Antes de tudo, vou pedir licença para o Vinicius Sadao, pois vou usar de suas ideias para discutir vários pontos.

ESTUDOS E DISCIPLINA

Por se tratar de uma experiência única, tentamos fazer com que o nosso aprendizado fosse o maior possível. Aparentemente pode até parecer um numero grande de atividades, no entanto, todas eram muito divertidas e o tempo passava muito rápido. Irei fazer uma breve listagem sobre todas as atividades que estudei e minhas opiniões sobre elas.

 Língua japonesa: todos os dias estudávamos japonês com bolsistas (kenshusei) de outras cidades. Foi onde conheci os outros brasileiros, Raphael Hiroki, Luciano China, Erich Higa e Mayumi Oshiro. 
 Shodô (caligrafia japonesa): atividade que exige muita concentração. Escrever com um pincel letras garrafais não é nem um pouco fácil. E para dizer a verdade, eu nunca acertei por completo uma letra.

Aula de Shodô

 Tougei (cerâmica): atividade complicada que exigiu muita ajuda do sensei. Fizemos pratos, copos, chawans, e até um shisá! Se ficou bonito, é outra historia...
 Sanshin ou Shamisen (instrumento de 3 cordas, que se assemelha a um violão): difícil no começo, mas depois que se aprende, se torna muito prazeroso tocar. Como qualquer outro instrumento, é necessário muito treino.
 Soroban (ábaco japonês): uma calculadora de bolinhas que se dominado, consegue fazer cálculos mais rápidos que uma calculadora eletrônica. No entanto, nem de longe eu cheguei ate este ponto. Aprendi apenas as 4 operações básicas. Na minha opinião foi a atividade mais difícil.
 Eisa (dança okinawense com uma espécie de tambor): aprendi a tocar o shime-daiko. Pratiquei Matsuri Daiko no Brasil por 2 anos, e comparativamente falando, os treinos de Okinawa são mais rígidos.
 Wadaiko (taiko japonês que se toca parado): ritmo, prática e ouvido. Treinávamos durante o almoço, usando hashis como bachis.
 Okinawa Ryori (culinária de Okinawa): muito gostoso! Apesar de morar sozinho, as minhas habilidades culinárias não superavam ao prato de macarrão e ovo frito. Agora sei preparar diversos pratos, como, goya champuru, okinawa soba, kare....

Aula de Okinawa Ryouri
 Odori (dança okinawense): movimentos vagarosos e precisos. Devido ao nível de dificuldade aprendi apenas uma musica – Kagiyadefu.

VIVENDO E APRENDENDO

Nos finais de semanas sempre íamos ou a um festival ou a um lugar famoso. Os festivais em si eram uma ótima oportunidade de conhecer novas pessoas, especialmente outros kenshuseis como também os kenpi.

Como foram vários os lugares em que fomos visitar, vou citar apenas aqueles que para mim foram mais divertidos e impactantes. Tomar um sorvete ao lado do aquário principal no Churaumi Suizokukan e me assustar todas as vezes em que uma baleia ou tubarão passava ao meu lado foi uma experiência única. Imaginar como as pessoas moravam antigamente dentro do castelo de Shuri, local imenso e repleto de adornos, cuja arquitetura maravilharia qualquer pessoa que o visse, foi absolutamente fantástico. Abrindo um parenteses histórico. Grande parte do castelo original foi destruído na guerra, juntamente com cerca de um quarto ou um terço da população de Okinawa. Este castelo era o símbolo de Okinawa e para se ter ideia de sua importância, diziam que ¨o período de pós guerra não iria terminar ate que o castelo de Shuri não fosse reconstruído¨. Outro fato curioso também é que o castelo possui um santuário, no entanto, infelizmente, poucas pessoas sabem disso.

Churaumi Suizokukan
Os últimos lugares que eu gostaria de comentar foram Heiwa no Ishiji (Praça da Paz) e Himeyuri no Tou. Esses dois lugares foram sem dúvida os que mais me surpreenderam. Infelizmente fotos do ambiente interno são proibidas nesses lugares.

Ambos os lugares são relacionados aos fatos históricos das guerras. Em Heiwa no Ishiji, estão escritos em pedra, os nomes das pessoas que faleceram na batalha de Okinawa. Na parte interna há um museu, onde se pode obter informações e ler depoimentos dos sobreviventes. Os cenários de cavernas que simulam a aflição e o medo das pessoas na época, com barulhos de bombas caindo, tiros ensurdecedores, que deixam a incerteza se a caverna ira suportar tais pressões, foram extremamente impactantes para mim, mesmo sabendo que se tratava de um cenário. Saber sobre a guerra é melhor do que não saber sobre ela, por isso agradeço a todos por essa oportunidade.

Heiwa no Ishiji
Não é possível mudar o passado, mas sim o futuro. Aprendi lições valiosas em Okinawa, sobretudo a sua cultura. Respeitar a dignidade humana, valorizar a cultura dos seus antepassados e rejeitar todo e qualquer ato relacionado à guerra era o mínimo que os seres humanos deveriam fazer. O “Coração de Okinawa” não deve ser esquecido, e sim preservado.

Kenshuseis de Okinawa-shi

Nenhum comentário:

Postar um comentário