Lais Miwa Higa (bolsista de
Nakagusuku-son 2011) conta que: “Em casa, eu comia o que o oji plantava,
principalmente goyá e pimentão. Sooki don era meu prato preferido, e também
Okinawa sobá com o osso da costelinha derretido. À noite, comia um monte de
tsumami enquanto bebia awamori. Um que eu gostei muito, mas disseram que eu
parecia ojisan porque comia isso era o icha gari gari, um biscoito de lula
muito, muito duro. Comia sempre também eda mame. Nos matsuri sempre comia
okonomiyaki. Também amei o sashimi de cavalo. Culinária coreana e havaiana é
muito famosa lá. O yakiniku de Ishigaki é o melhor. E o barbecue de Okinawa é
muito estranho... tirinhas bem fininhas de carne banhadas em molho tare e um
mooooooooonte de cogumelo >< mas era bem divertido^^ Nos eventos da prefeitura
ou reuniões de família em casa, o povo sempre comprava umas bandejas enormes
com sushi, sashimi, legumes cozidos, salsicha, tempurá... O tempero é sempre
meio adocicado, por isso as pizzas de pepperoni são as melhores^^ E awamori com
café é bom para não dar ressaca. Dentre minhas bebidas preferidas: sanpincha
bem gelado, café com leite em latinha e chu hi de limão!”
Sanpin-cha - o chá mais popular de Okinawa |
Aurora Kyoko Nakati, bolsista de
Motobu-cho 2010, relata: “Comi um soba de inoshishi num hotel em Motobu, era
muito gostoso, mas gorduroso. Tem também o papaya chanpuru, no começo achei
estranho pq imaginamos a fruta madura e doce, mas eles usavam o fruto verde,
então ficava parecido com chuchu ^^ Eu gostava de comer fu- chanpuru e so-min também!
Uma coisa que eu comia sempre na faculdade era o oniguiri de po-ku com
maionese, tem em konbini tb!!! Uma vez eu vi até num programa de TV, pois é uma
coisa que só dá pra comer em Okinawa!! Uma coisa que eu não como é miúdos,
coração e etc, mas quando comi Nakami juru não sabia do que era feito e adorei,
mesmo quando soube que era feito de tripa de porco!!! Não posso esquecer dos
Sata- Andagi- de Beni imo, kurozato, kabocha...só de falar está dando água na
boca XD”
Um prato muito lembrado pelos
bolsistas é o taco rice, receita que mistura carne, queijo, alface e tomate dos
tacos mexicanos com o arroz japonês. Diz-se que foi criado em Okinawa nos anos
60, na cidade de Kin, onde há forte presença de militares americanos. Rosana Ichi Higa conta que
“Quando batia aquela fome de madrugada, ia no King Tacos comer taco rice. Tão
natsukashii que no ano passado (durante o Uchinanchu Taikai), voltei lá com o
pessoal do WYUA (World Youth Uchinanchu Association). Só que foi uma decepção.
Eles mudaram o chilli sauce.” Além disso, Rosana também diz que “adorava comer
chuka-don e nasumisso itame do Minami Shokudo, perto da Ryudai, aonde a minha
amiga Miriam Assami Sanabe fazia baito”. Lucia Matsudo também lembra do
taco rice, além dos bentos do Hoka Hoka Tem, de um Steak House em Chatan ou
Kadena, um restaurante de kare rice em Sunset Beach e o restaurante Pollo Rico,
em Nishihara.
Taco rice
|
Mesmo que aqui no Brasil
estejamos familiarizados com algumas comidas de Okinawa, há outras que nem
imaginamos comer, como conta Karina Satomi Matsumoto, bolsista de Kadena-cho
2008: “uma das coisas mais diferentes que comi em Okinawa foram os doces feitos
com sal. Parece estranho, mas é muito gostoso! O sorvete de sal comi em um
festival em Yomitan, algumas pessoas colocavam até shoyu... E o chocolate comi
em Ishigaki, dava até pra ver as pedrinhas de sal, muito bom!”
Já para Tchitose Sanabe: “O mais
inusitado que eu comi por lá foi Dolphin Steak (hiitu suteeki/carne de
golfinho), tradicional na região de Motobu. Como é? Pois a aparência é de bife
mesmo, a textura é de atum em lata e o sabor é de figado. Concluí que golfinho
é melhor ver no Kayoohaku que no teu prato.”
Chocolate de sal - "shio chokoretto" |
Não só algumas comidas, mas
também costumes podem causar estranhamento nos brasileiros que visitam Okinawa.
Como conta Tchitose, “O shiimii é uma tradição muito estranha para os
brasileiros: é literalmente um piquenique na frente do ohaka. Muito parente,
muito gochisoo, awamori e sanshin para homenagear os antepassados.”
Com tanta comida diferente, é
comum sentir saudades da comida da terra natal. Ana Luisa Nakamoto (bolsista de
Urasoe-shi 2007) passou por isso: "Teve uma fase do meu kenshuu, em
2007, que eu senti saudade de comer feijão brasileiro, mas não encontrava de
jeito nenhum. Olhava para aquele gohan de microondas e pensava como ele ficaria
ótimo com um feijão preto, ou feijão com bacon... Cheguei a comer zenzai
achando que era do jeito que preparamos aqui (até descobrir que era doce). Um
dia, em uma excursão para yanbaru (norte de Okinawa), me levaram para comer num
shokudou de comida brasileira e...tchan tchan tchan tchan, lá estava uma
feijoada!!! A oba-san que cuida da cozinha viveu no Brasil por mais de trinta
anos. Foi engraçado ver colegas japoneses comendo aquele feijão sem misturar
com o arroz, como se fosse uma sopa. Mas entendo a confusão: estava aguado, a carne
separada, e pouco temperado. Mas as histórias da oba-san eram incríveis!"
Um doce muito lembrado foi o
famoso sorvete do Blue Seal, empresa que começou em 1948 vendendo alimentos
para atender a demanda dos americanos em Okinawa. Hoje, possui sorvetes em
sabores típicos da ilha, como cana-de-açúcar, beni imo e shikwasá. Tchitose
lembra: “E o sorvete do Blue Seal? Era parada obrigatória em toda saída no
verão. Adorava o de beni imo.”
E, Daniella Nakao conta que comia,
“fora o okinawa sobá, karê rice tonkatsu, tempurá de camarão, okonomiyake,
sorvete de matchá...rsss... gatimayá total (engordei 5kg em 6 meses!)”
E, pra terminar o post... Você conhece o bolo "Castela" (ou Kasutera, ou Kashitira)?? De acordo com a Wikipedia:
"O castella ou kasutera (カステラ) é um popular bolo japonês feito à base de açúcar, farinha, ovos e xarope de milho, muito apreciado em festividades e como comida de rua. De origem portuguesa, é semelhante ao pão-de-ló, e é hoje uma especialidade tradicional de Nagasaki. O bolo foi trazido inicialmente por mercadores portugueses no século XVI. O seu nome procederá do português pão de Castela, existindo tipos parecidos de bolos chamados de forma similar, como o francês pain d'Espagne, o italiano pan di Spagna e o grego pantespani, sendo que o reino de Castela abarcava o centro da Espanha. Outra teoria refere que o nome pode ter origem no facto de o bolo ser preparado com claras batidas "em castelo".
O assunto sobre o kasutera surgiu esses dias no grupo de e-mails do Urizun quando a ex-bolsista de Urasoe Liana Nakahodo enviou uma receita deste bolo dizendo que é muito conhecida em Campo Grande, e que a receita parece "bem uchinanchu" e que é importante divulgá-la para que não se perca. Confira:
Sorvete do Blue Seal |
E, pra terminar o post... Você conhece o bolo "Castela" (ou Kasutera, ou Kashitira)?? De acordo com a Wikipedia:
"O castella ou kasutera (カステラ) é um popular bolo japonês feito à base de açúcar, farinha, ovos e xarope de milho, muito apreciado em festividades e como comida de rua. De origem portuguesa, é semelhante ao pão-de-ló, e é hoje uma especialidade tradicional de Nagasaki. O bolo foi trazido inicialmente por mercadores portugueses no século XVI. O seu nome procederá do português pão de Castela, existindo tipos parecidos de bolos chamados de forma similar, como o francês pain d'Espagne, o italiano pan di Spagna e o grego pantespani, sendo que o reino de Castela abarcava o centro da Espanha. Outra teoria refere que o nome pode ter origem no facto de o bolo ser preparado com claras batidas "em castelo".
O assunto sobre o kasutera surgiu esses dias no grupo de e-mails do Urizun quando a ex-bolsista de Urasoe Liana Nakahodo enviou uma receita deste bolo dizendo que é muito conhecida em Campo Grande, e que a receita parece "bem uchinanchu" e que é importante divulgá-la para que não se perca. Confira:
'CASTERA'
- 1 rapadura
- 1 litro de água
- 950g de trigo aproximadamente ( 1 kg
menos um punhado)
- 1 colher (sopa) de margarina/manteiga
bem cheia
- 1 colher (sopa) açúcar
- 1 colher (sopa) bicarbonato de sódio
bem cheia
- 1 a 2 colheres (sopa) gengibre ralado
Colocar a rapadura inteira na água fria
e levar ao fogo até ferver, mexendo pra desmanchar bem a rapadura.
Tirar do fogo. quando morno, juntar a
manteiga, o açúcar e o bicarbonato. Nesse momento a massa incha por conta do
bicarbonato. Passar tudo por uma peneira pra retirar eventuais pedaços que não
derreteram.
Colocar trigo e mexer bem. Por último,
o gengibre.
Colocar em assadeira grande untada e
enfarinhada. Sobre a massa, gergelim preto ou branco, se quiser.
Fogo alto por 45 min a 1 hora.
Mesmo tendo origem ibérica, o kasutera, como tantas outras comidas, foi sendo adaptado ao ser disseminado pelo mundo afora. Tchitose Sanabe diz que é curioso observar que, mesmo sendo um doce de origem ocidental (yoogashi), nos livros de culinária e sites japoneses ele está na sessão de doces japoneses (wagashi), mostrando como foi incorporado pela cultura japonesa. Em Okinawa se usa rapadura em muitos doces, como sataa andangui, muuchi e poopo, sendo essa uma explicação para esse kasutera ser considerado uma receita uchinanchu!
Kokutou kasutera - castela de rapadura |
Tetsuo Higa lembra que há ainda outras variedades de kasutera, como as cozidas sobre folhas de sannin gaasa (a mesma de nantuu muuchii) e as massas com fuuchiibaa. E ainda lembra que diversos outros pratos são influências de outros países: "Lamen, veio da China, e Okinawa soba é uma variação de lamen; chanpurú veio da Malásia; tenpurá é português; karee raisu é tempero indiano com carne americana; pooopoo deve ser crepe, gallete ou pancake; sanpincha é shiang ping cha e takoraisu é taco texmex." Nada é exclusivo de um lugar!
E você, qual é o seu prato preferido da culinária okinawana?